quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Cartas antigas

Em meio a minha tristeza normal de fim de ano, reli um pouco de suas cartas. Relembrei momentos, ativei memórias, me perguntei como você estava e senti inveja da sua escrita. Principalmente. Inveja da sua escrita.

Você daria um ótimo escritor, tem alma pra isso. E desculpa se falo de cartas passadas, mas sinto informar que elas são minhas agora: posso lê-las quando tiver vontade. Estão guardadas no meu íntimo.

Vidas mudam, mas hoje percebi a saudade que tenho de receber cartas. Suas, em específico. Primeiro que seu dom não deveria ser desperdiçado enquanto você se veste de branco (muitos podem fazer isso, mas poucos podem escrever como você): seria muito mais bem quisto se fosse visto por mais pessoas. Você merece.

Não sei bem se é a data, ou o momento,  ou a distância, talvez; mas  guardo a letra. Guardo a girafa de balão, guardo o colar de tucumã que tem pelo menos dez anos, guardo as lembranças - boas e ruins. Guardo tudo. Porque você merece ser lembrado.

Hoje sinto saudade das festas de fim de ano na sua casa, do amor da sua família, de como são unidos  (ou eram. Faz tanto tempo). Não sinto sua falta, no entanto, e peço desculpas. Mas hoje me peguei com uma certa inveja daquele tempo. Estou com inveja de você. Estou com saudades de mim àquela época. Eu não tinha rugas. E não eram apenas as contas que não necessitavam ser pagas, ou as responsabilidades que vêm do cotidiano. Era o tempo. A minha juventude. A sua juventude. E as nossas cartas.

Um brinde às cartas enviadas. Quero aprender a escrever como você. Um brinde à vida. A sua e a minha. Um brinde à mudança. Um brinde à história.

domingo, 30 de agosto de 2015

Sobre as redes sociais do ódio

Filmes eróticos caseiros não são algo assim tão distante, não é coisa de rede social.  Mas hoje em dia, com os aplicativos de comunicação, esse lance conseguiu se espalhar, e eu questiono quantas pessoas acabaram se lascando por causa disso.

Tipo o caso que eu vi esses dias: a mulher A tem caso com o senhor B, que é casado com a mulher C. Minto, o senhor B que tem caso com a senhora A, já que ele é quem não respeita a esposa. Em todo o caso, A resolve fazer um vídeo caseiro pra enviar, via WhatsApp, ao amante. Quem recebe a mensagem , para a coisa ficar bem bonita, é C, que prontamente envia o vídeo a todas as pessoas que conhece.

Fico me questionando o caos que vai ser a vida de A. Calma, em nenhum momento disse que era a favor do que a mulher fez, em não respeitar a esposa do cara e todo o resto. Mas o mundo fez bem questão de esquecer que erra e julga a moça, tal qual ela "merece". Um erro hoje vale mais que antigamente.

Eu sei que, por essas e outras, penso seriamente em excluir meus perfis nas redes sociais. Embora A tenha falhado, mostra as consequências de nossa super exposição. Nós gostamos de dar nossa vida e os detalhes dela de mãos beijadas a qualquer um, gostamos de curtidas e fazemos de um tudo para garantir muitos likes no Instagram. Mas pra quê? Para que, ao menor erro (não precisa fazer um filme adulto não. Basta tu dar tua opinião e ela não ser a esperada pela galera), sermos escolhidos como os "da vez".

Aliás, sou super a favor do politicamente correto. Super torço pra que as pessoas se conscientizem mais e parem de falar asneiras por aí. Mas não sou a favor da crucificação eterna, até porque isso é visivelmente incorreto.

Por isso, pensem bem antes de julgarem ou, principalmente, compartilharem alguma coisa: seja fotos de vocês mesmos ou dos outros.

PS: em tempo! Mantendo o blog por motivos de gosto de escrever e ninguém perde tempo lendo isso aqui.

PS: Continuo com o Instagram para postar fotos de bolo por motivos de quero.

Uptade às 02h15

Apesar de nunca mais ter postado algo sobre mim nas redes, e evitado foto minha - cá e lá aparece comida feita por mim no celular das pessoas - gosto de ver a vida das pessoas.

Eternamente querendo saber sobre  vida alheia. Quem pode julgar?

domingo, 16 de agosto de 2015

Da exclusão

É necessário excluir, às vezes, embora isso seja uma das coisas mais tristes a se fazer. Arrancar alguém da sua vida é simplesmente indispensável em algumas ocasiões.

Se alguém tiver te maltratado, te humilhado, te manipulado, é completamente compreensível que tu a tires da tua vida. E faz bem. Você não deseja o ódio, o rancor. A pessoa que machucou não merece ser crucificada.

Só não tem que estar mais na tua vida.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Dúvidas

Pensava que seria atriz. E começou a estudar teatro, cinema, arriscou um pouco de dança. Ah, como amava os palcos, os aplausos, a luz ofuscante nos olhos, quase causando cegueira (na verdade, se sentia inclusive meio cega, sem reconhecer ninguém lá do alto.

Depois, pensou em estudar outra graduação. Desta vez, deveria ser advogada, juíza. Garantir o futuro. Uma médica ou engenheira, talvez, para ter certeza que a família se orgulharia e contariam histórias a seu respeito.

Decidiu que era tempo de ser mãe, adquirir respeito e, finalmente, tomar para si o corajoso desafio de educar e definir o caráter de alguém. Pelo menos, ajudar nisso, na construção de uma pessoa.

Dos mais devaneios, terminou lá. Assistindo um filme qualquer. Deixa pra depois.

domingo, 26 de julho de 2015

Até, Mel

A Mel chegou lá em casa com 21 dias, mal sabia andar. Nasceu no dia 12 de dezembro de 2001, no Bujari, Acre. Foi presente de uma prima veterinária, que agora também virou médica de gente.

A gente deu carinho, e a salsichinha soube dar em troca. Latia alto, era ciumenta, gorda e gostava de chamar a atenção.

Mel sempre foi bem tratada e tratou bem ; foi defendida quando os vizinhos reclamavam e defendeu quando um carro barulhento passava. Não entendia as lágrimas que rolavam nos donos certas vezes; mas preferia estar lá pra ver o que ia acontecer.  

Minha cachorrinha me deixou na última quinta-feira, aos 13 anos e pouquinho. Velhinha. Me dói. Parece que arrancaram um pedaço do meu coração e toda vez que penso meus olhos doem. Mas aí eu lembro de quando aquela cadela comeu todo o frango que a mãe tava descongelado, deixando só a cabeça do bicho; ou quando comia ratos. Sim, suas tendências carnívoras e caçadoras são interessantes. Mas, mais interessante mesmo, foi aquela vez que ela, já velhinha, teve que passar por uma cirurgia e, depois de 12 horas, já tava correndo. Mel ficou porque sabia que eu não ia aguentar, à época. Agora, ela tinha certeza que eu seria forte. E eu serei. Estou tentando, embora seja duro.

Obrigada, Mel. Obrigada por me ensinar a ser feliz e a rir e a chorar. E a amar algo que não te responde pela primeira vez. Obrigada por me amar. Sou grata. Até q próxima.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

vida de uma casada não-amélia

veja só você que imaginava que uma mulher casada tinha de, necessariamente, arrumar a casa todos os dias. bem, seria legal se eu realmente tivesse essa força de vontade (vamos, mulher. uma casa higiênica é uma casa feliz, lembre-se!), mas não tenho. sou casada, mas, imagine você, morro de preguiça. e, acredite, isto não me faz menos mulher. é sério!
é claro que o homem vai reclamar. mas eles reclamam de qualquer coisa. o homem vai reclamar de uma outra coisa se você não arrumar a casa: pode ser do seu cabelo, da sua unha - não tenho esses problemas, diga-se de passagem. o homem que casou com minha pessoa acha o máximo o fato de eu não perder tempo em salão de beleza e de eu mesma cortar meus cabelos -, da sua voz ou lamentações. e se ele vai reclamar: dane-se. ou, no meu caso - que também pode ser seu caso - curta a preguiça.
quando casei, pensei que teria de arrumar a casa, fazer faxina, lavar a roupa. e isso não quer dizer que eu não faça todas estas tarefas de vez em quando. eu faço. juro! mas não é obrigado. Você não é obrigada a virar dona de casa ao se casar. é apenas obrigada a ser feliz! não precisa fazer bolo de fubá, ou cafezinho, ou esperar o marido com um belo sorrisinho. bem, o sorriso é importante, espere de lábios esticados se você quer ser recebida com um sorriso também. mas vá lá, as coisas nem sempre precisam mudar tanto.

individualidade é tudo. até no casório. case e seja você, até quando tá sozinha.

Pro dia nascer feliz. o mundo inteiro acordar, e a gente dormir

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Do resto de minha vida

Daí que foi uma decisão sábia, há quatro anos, quando te vi. Daí que decidi que seria tua - não sabia, até então, que tencionava ser para sempre. Fui tua e tu foste meu em um só instante. E pronto, reiterei a minha vontade em ficar contigo.

Se esse lance todo será difícil ou não, sequer cogitei. Deu preguiça. Prefiro viver o hoje, ao teu lado. Tendo que passar por alguns problemas, obviamente, mas reafirmando-me enquanto pessoa. Eu escolhi!

e, daqui ao resto da minha vida, eu farei da minha vida um pouquinho da tua, e a tua será um pouquinho minha.

domingo, 26 de abril de 2015

ingrata

Naquele mesmo dia descobri que ninguém merecia um tchau. Às vezes, nem as pessoas mais bem amadas merecem um simples adeus e, naquela hora, ninguém estava apto para tal ato. E por vários motivos: ou se deixaram ficar, vendo o que não queriam enxergam sem fazer nada, ou porque não tinham desejos para isso. eu não desejava mais nada.

o problema das pessoas é que elas confundem gratidão com aguentar abuso. sim, no português popular - e como diria Veríssimo - sem erros. aguentei abuso inúmeras vezes e sem o direito de falar um pouco mais sério: afinal, eu não inspiro nem um tico de respeito. nunca inspirei, não naquele lugar.

que importava se as coisas estavam sendo feitas de modo errado ali, às fuças de todos. que adiantava?

se o pior dos sentimentos é a ingratidão, a pior das atitudes é a injustiça. e ninguém é insubstituível.

sexta-feira, 20 de março de 2015

pisca-pisca



"EMÍLIA: A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isso é, começa a piscar. Quem para de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-e-acorda , dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. É portanto um pisca-pisca.
VISCONDE: E depois que morrer?
EMÍLIA: Depois que morrer vira hipótese. É ou não é?
VISCONDE: Sim, creio que esteja certa..."



Nunca achei que uma peça de teatro infantil fizesse tanto sentido. E eu não gosto do Monteiro Lobato. Ok, ok, ele é um grande nome da literatura, e bla bla bla, mas não gosto dele. Chamar uma escrava de negra beiçuda não é algo muito infantil, na minha opinião, mas acredito que, neste ponto, Lobato acertou em cheio. O que é a vida que não pisca-pisca, não é? Isto vale tanto para o sono, quanto para o trabalho, quanto para os relacionamentos. Tudo pisca e, às vezes, apaga.

O mundo dá o ar de sua graça ao piscar. Ele pisca como se tudo fosse Nova Iorque em época de Natal. Com seus sinos, suas luzes, seus encantos e suas memórias. Sim, memórias. A gente lembra de quando era criança, quando era adulto, e até de quando não foi nada. O pisca-pisca traz à tona o que não existe. O dorme-e-acorda diário. Até que um dia dorme, e não acorda mais.

Até que viraremos uma hipótese.

Isto, não é de todo ruim. Quem não quer se tornar uma hipótese? Hipóteses são boas. Hipóteses, até certo ponto, explicam, e precisamos de explicações. Explicações nos trazem confiança, nos trazem clareza, nos trazem um quê a mais de intensidade.

Acho que quero ser uma hipótese. E aceito que a vida seja um eterno pisca-pisca

quinta-feira, 19 de março de 2015

preguiça

de repente senti preguiça. da sabedoria, do excesso de egocentrismo. do "eu sei de tudo". "nossa, como você sabe de tudo e, urg, como você é chato". deveria ter terminado o serviço e feito algo que o valesse. finaliza com isso aí. te jogas nessa mesmice que chamas de vida e acabes com tudo que tens guardado. não finjas mais. isto realmente é cansativo.

é meio cansativo ter de ficar explicando, e redimindo, e pedindo desculpas. finalmente tenho a sensação de que posso abrir as asas para um novo recomeço quando tu vens com papinhos antigos de "lembra quando fazíamos casinha de areia?". nunca tivemos de fazer casinha de areia, meu caro. casinhas de areia são mentirosas, assim como você e eu éramos: dois grandes mentirosos.

"Para ser feliz há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis [...] um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois. [...]" Não preciso ler Bauman todo dia pra saber que isso é verdade. eu não tinha nem segurança e nem liberdade. não tinha nenhum valor essencial indispensável. eu era apenas mais uma dispensável nesta vida dúbia.

coisa mais preguiçosa.

o que fez mudar é que eu tinha preguiça. preguiça de acordar, preguiça de olhar pro lado e ver alguém desconfiado, preguiça de estar desconfiada o tempo todo.

de repente, senti preguiça.

toda mulher é vagabunda

Não me batam, feministas, mas esta é a grande verdade. Toda mulher é vagabunda. Ao contrário dos homens, que podem comer, festejar, acabar com a vida de inúmeras garotas durante sua juventude; a mulher - caso erre uma única vez, já é uma grande e inevitável promíscua de marca maior. Basta um único erro - mesmo que inconsciente, mesmo que contra a vontade - para que ela seja chamada pelos quatro cantos do universo (ou da cidadezinha onde mora, o que geralmente acontece) de puta. Puta! Você é uma puta! Você não vale nada!

Em uma época ou outra da vida, toda pessoa - e, acredite, isso inclui a mulher! - quer ser um pouco cafajeste. Quer ser ruim, seja em pensamentos, em atitudes, em palavras, sei lá, em qualquer coisa. E sabe, não há tanto problema nisso (a não ser que a vibe "Nazaré Tedesco" se torne perigosa demais e o ser em questão saia matando pessoas. Se chegar a este ponto, pare!). O ser humano aprende por erros e consequências. E, pelo amor de Deus, ninguém é perfeito. Seria um saco se todos nós fôssemos bonzinhos, anjos pisantes na Terra.

O fato é que, apesar do erro, não se pode pagar por ele o resto da vida. Nenhuma mulher - ou homem - é um monstro por ter feito alguém sofrer em um momento qualquer de sua existência. Lembre-se: este mesmo homem ou mulher já morreu de amores por alguém e -  talvez não seja por isto, quis apenas se sentir melhor por alguns minutos. Pode ter feito merda? Pode, sim! Fazer merda vai resolver alguma coisa? Óbvio que não! Mas, e daí? Tem que apontar o dedo pra pessoa e dizer que "ela não vale nada, é um ser humano desprezível e que deve queimar no inferno o resto da eternidade?"

É fato que todos erramos: deve ser um saco tentar ser santo. Somos impulsivos, tomamos ações que, dois minutos depois, colocamos a mão na cabeça e dizemos "puta merda, eu não devia ter feito isso". Mas não se preocupe: nem mulher nem homem deve pagar por isto o resto da vida. Sabe aquela máxima de que o que esta feito, está feito? Pois é. Não adianta morrer. E você não precisa morrer - nem homem nem mulher.

O problema é que a mulher, em especial, paga por isso por muito mais tempo que o homem. Deus me defenda de o sexo feminino trair - mesmo quando o parceiro tenha feito uma puta sacanagem, tenha-a humilhado, tenha-a diminuído. Não adianta: a mulher tem de ser fiel até o fim. E se ela resolve dar uma errada - de novo, não estou dizendo que a traição é certa: não traia, se você não quer mais o dito homem, largue-o! - ela será atacada por todos os ventos. Podem passar quatro semanas, quatro meses, quatro anos. Sim, quatro anos! Sempre haverá alguém para lembrar que houve um erro e que um tratamento especial deve ser dispensado à Maria Madalena em questão. Tadinha da Madá.

Então, Nazaré's e Madá's da minha vida, caso alguém aponte o dedo para você diga que você não vale nada, se orgulhe. A pessoa também é uma vagabunda. Toda mulher é vagabunda. E isso, afinal de contas, não é tão ruim assim!


PS: Se você tiver numa fase meio "bad to the bones", sei lá, aproveite. Só não deixe se estender. Aí a culpa não é do sexo, a culpa é sua mesmo.