segunda-feira, 20 de junho de 2016
um medo da porra
quando eu presto atenção em ti, vejo o quanto ainda tenho em mim para dar. e aprender. e assumir, talvez. vejo como preciso ser.
e é bonito, e todo o resto, mas dá um medo da porra.
quarta-feira, 6 de abril de 2016
as marcas que você deixou [2]
Passei a ler horóscopo depois que você [me] deixou. não fazia isso, não gostava disso, mas hoje leio religiosamente a cada acordar, imaginando que o dia vai ser mais legal que o anterior.
Apenas a título de informação: não é!
segunda-feira, 28 de março de 2016
Devaneio
Às vezes ela sentia que não ia aguentar, que ia explodir a qualquer momento se não perguntasse a ele o quanto estava deixando o tempo passar. Ora, a gente se dá bem, gosta das mesmas coisas e ri das mesmas coisas e claramente tem as mesmas coisas na cabeça. Por quê não?
Lembrava-o do quanto os dois tinham afinidade. Em todos os lugares, quero dizer. E queria jogar logo na cara dele que ali existia um casal que ficaria bonito de se ver, não fosse essas burrices dele. Você é muito, muito lento.
Queria falar que sabia que fazia falta quando se afastava. Eu tentei parar de falar com você, lembra? Você que veio atrás. Pra quê isso se nós tínhamos combinado. NÓS TÍNHAMOS COMBINADO E VOCÊ VEIO ATRÁS!
Queria mostrar que ela era legal, afinal de contas. A mais legal que já aparecera na vida dele. A mais engraçada, e inteligente, e esforçada, e corajosa. VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE ESTOU COMEÇANDO A PERDER O INTERESSE? QUE TODA ESSA LADAINHA SEM SAIR DO LUGAR É MUITO CHATO E EU QUERO MUITO MAIS?
De fato, ela queria muito mais e sabia que ele podia dar muito mais. VOCÊ É MEDROSO. VOCÊ ME PERDEU.
Ela releu o que tinha escrito. E olhou pro gato que a vinha fazendo companhia. Decidiu ser livre, afinal merecia. Desculpe, eu mereço mais!
Saiu de casa e sentiu o vento no rosto. Aceitou como se fosse o universo a beijando na face, dizendo o quanto ela precisava de mais, mas que se acalmasse. O mais em questão que ela tanto queria viria algum dia. Não vai demorar.
terça-feira, 22 de março de 2016
sexta-feira, 18 de março de 2016
Do sorriso de coringa
O cara do sorriso de coringa combinava no signo, no vício e na cama.
Mas infelizmente era errado.
As marcas que você deixou.
Tenho medo de vestido de noivas. De planejamentos e convites. Pavor de alianças, preguiça de relacionamentos.
Não tenho esperanças maiores, não tenho amor próprio. Minha fé em mim mesma acabou quando você se foi.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Dos olhos
E quando as coisas acontecem, acontecem. E aprendeu isso de uma maneira tão bonita: com um dar as mãos envergonhado; ou o virar de bocas para selar o beijo que queria há tempos. Ou oferecendo a cerveja na tentativa de deixar as coisas mais fáceis. Mas aprendeu principalmente olhando nos olhos.
Olhos sempre são tão mais fáceis de admirar. E não porque sejam a janela da alma - isso é clichê -, mas porque possuem tons. Alguns, inclusive, têm pintinhas castanhas misturadas a um verde que deveriam ser proibidos de tão bonitos.
Esses mesmos olhos são donos das mãos macias, dos cabelos cacheados descobertos recentemente em uma foto antiga. Estes mesmos olhos - que às vezes são de ressaca no sentido literal da palavra - sabem quando um suco não foi feito à hora do pedido. São olhos que têm paladar.
Como queria que esses olhos se vissem como eu os vejo.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
terror noturno 2
quando ainda tenho meus pesadelos recorrentes - ainda, sempre, toda vez- espero o abraço de alguém fazendo o choro passar. e quando eu mesma tenho de acalmar, quando eu mesma tenho de lembrar que, se não for por mim, os gritos ainda hão de continuar, há um desespero que me parte a alma.
me parte a alma tudo o que tá acontecendo. me parte a alma ainda ter pena de mim. me parte a alma mudar meus planos quando não fui nem eu mesma quem acabou com eles. doença, maldita doença. família. maldita família.
eu sei que, mesmo você não me vendo - ou mesmo você não me lendo -, ainda continuo fazendo parte da sua vida. paciência para você, paciência para mim. o que me dói - e acho que haverá de doer por muito tempo - é ver você se acabar quando eu o vi tão completo. é ver que nem sempre quem o gerou é do bem. e, principalmente, ver que eu tentei de tudo e foi em vão. tentar de tudo e mesmo assim não ter o retorno é simplesmente frustrante. estou frustrada.
continuo com meus pesadelos permeados de insônia. não sei até quando. não sei se quero viver tudo isso de novo. mas, enquanto isso, encaro meus pesadelos. os que você deixou e os que não me deixam dormir. na verdade, acho que eles são os mesmos.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
Ao som de Bach
Gostava desde a infância. A mãe achava que era algo triste. "Isto é triste, tira isso!". Não via tristeza. Ou até mesmo chegava a ver, mas não compartilhava desta tristeza. Em certas ocasiões, percebeu, há beleza na tristeza.
Chegou a pesquisar sobre quem já havia utilizado a música. Opa, apareceu naquele anime que ela gostava. O primeiro que havia visto. Sabia que a recordação não era fingida: havia um quê de história - nem que fosse da própria - naquele sentimento todo por uma melodia que não teve acesso na infância. Aliás, a título de interesse não tão interessante, sons clássicos não eram de fato ouvidos em sua residência.
Voltou à pesquisa: teve aquele guitarrista, também, que ela gostava. E a música tava no MP3 do simulador de voo espacial. Aquele. Foi sim.
Mas o fato importante foi quando ela tava na casa dele - do moço da fala bonita, de sorriso bonito e de espiritualidade bonita - e ele pôs uma canção. "Tô te sentindo desconfortável aqui na sala, vamos ao quarto". Segue o medo e a vontade. Medo e vontade. Medo e vontade.
E olha, ele não aparentava nenhum objeto de perigo. Não era como aquele cara que sofria de efebofilia, ganhador de notoriedade por ter participado do reality show; e ela também não era mais nenhuma menina de 12 anos. Inclusive, some bastante idade. Não haveria de ter medo. "Pelo menos não ouvirei algo que me deixe sem graça. Ele é músico. Tem bom gosto", pensou. Obviamente que nunca disse aquilo a alguém, muito menos ao rapaz da fala bonita.
"Vou por uma música que eu gosto", disse o moço, após insinuar - e acertar - o gosto musical da mulher. E, adivinhem só como o destino é bonito: era Ária na corda sol. Ele até chegou a comentar que o grupo do CD em questão fazia os próprios instrumentos, e ela se sentiu triste por saber que aquela cultura toda não tinha divulgação.
E ele a beijou. Logo após a sentença dela. De surpresa. Como ela gostava e como a música pedia.
Não foi como beijar-se a si mesma, como acontecera anteriormente, com outro rapaz mais bobo e em outra ocasião. Foi como beijar a própria música e, nossa, como ela sonhara com aquilo um dia. Beijar algo abstrato, algo que não se pode ter em mãos.
Ela conseguiu, afinal de contas. Beijara Ária na corda sol. Beijara Bach.Beijara o moço da fala bonita e espírito mais bonito ainda. Estava contente. Ele não precisava ligar, já tinha completado a missão.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Terror noturno
Dói saber que nunca mais vou te ver. Juro que penso nos bisturis que usava à epoca da outra faculdade pra cortar com mais precisão e observo um melhor uso para eles. Em mim. Em ti.
Lembro dos sonhos que traçamos, até que a doença veio e tirou. Não sei o quanto disso é justo. Não sei se aguento.
Penso de novo nos bisturis e.... Naaaaa
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Pecado
Penso no momento que dizem que o arco-íris é a aliança do Pai com os filhos.
Ele deve tá puto comigo.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Divórcio
É a pior e a melhor coisa que existe.
É o que machuca e liberta, o que faz morrer e depois rir. O que traz a alegria e faz chorar rios de lágrimas porque não aguenta a carência.
É querer ficar sozinha, mas correr pro colo da mãe.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
o dia que me beijei
a falta de interesse no sexo - à primeira vista, pelo menos - também chama atenção. não sei se é falta de interesse, como dito (ah, como queria sua mão lá, meu anjo. como queria), ou se tenta dizer que é respeitoso. e eu tento tanto falar que sexo não é desrespeito, e que tal se fôssemos pra cama agora, mas infelizmente eu - assim como ele - tenho a ideia de que a copulação tem de vir em boa hora para que o relacionamento seja perfeito. assim como ele.
me senti uma menina de doze anos tentando aprender a beijar o próprio reflexo no espelho. um reflexo tão contrário de mim - com olhos verdes e cabelos castanhos claros -, mas, ao mesmo tempo, tão igual.
é, é a comprovação de que somos seres atraídos pelo biotipo diferente, na busca de trazermos humanos melhores. uma mistura desigual e tão geneticamente indispensável. ah, bendita necessidade de sobrevivência. aquela que atrai o inesperado, o distinto. e que, espiritualmente falando, é tão similar
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
olhos nos olhos
Amar pelo resto da vida, no entanto, não significa deixar de viver. Haveria de deitar-se com outros homens, com um quê de Chico Buarque, pensando que quando ele pudesse revê-la, já haveria de encontrá-la refeita, e complementando ainda com uma frase que deixaria qualquer homem fora dos prumos. "Quantos homens me amaram bem mais e melhor que você!". Ela sabia, ainda, que a casa seria sempre dele, apesar de tudo.
Podia sentir o vento no rosto, abandonar as pilhas de panelas e talvez lavar a roupa suja encostada. Já podia pensar em viver de novo. Sozinha, amando a si mesma. Completamente apaixonada pelo seu próprio corpo. Seria estranho no início, mas ninguém disse que viver era algo demasiado fácil.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
"Teu sobrenome é Nascimento"
Numa rede social dessas, uma professora - que também é amiga - comentou minha fase atual com a simples frase: "Teu sobrenome é Nascimento". Nunca havia parado para pensar na força que meu nome tem. Na força que ele me dá, talvez, ou o quanto tenho de ser forte simplesmente por ter este sobrenome no meu registro.
Fui obrigada a nascer de novo e hoje, às 15h13 de 18 de janeiro, me sinto feliz. Talvez felicidade seja um sentimento forte para atual circunstância, mas, pelo menos, me sinto renascida. E renascer é bom. Isto sempre.
Meu sobrenome é Nascimento. E é com este espírito que sigo em frente. Porque eu tenho esta obrigação. Está no meu registro, no meu sangue, na minha alma.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Como seria
Meu momento atual - já conhecido por muitos - me leva à pergunta que não me sai da cabeça e me tira o sono quase que diariamente. Como seria?
Como seria não mais sentir dor? Não sentiria mais felicidade, também. Retiraria de mim mesma todo e qualquer sentimento. Mas a dor se sobressai à felicidade. Neste e em todos os momentos e situações, pelo menos em mim. Sempre valorizamos mais à dor. Sempre valorizei mais à dor. E não gosto muito de senti-la, apesar de tudo, fato que me faz querer diariamente dar fim. À dor e, consequentemente, à alegria.
No atual momento, sinto que felicidade é apenas a ausência da infelicidade, não sendo portanto um sentimento completo. Leio muito e tento muito ser feliz apesar dos problemas, ou viver acreditando que irão passar, mas não estou conseguindo. Algumas pessoas conseguem. Claramente, não tenho conseguido.
Sinto inveja dos sorrisos alheios. Tenho uma gargalhada maravilhosa, todos dizem. Mas ao mesmo tempo em que gargalho há um choro de desespero. Meu riso está mais para lágrimas. Não chora. Eu choro.
Não sei por quanto tempo irei aguentar. Mas, e como seria se tudo passasse?
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Você dorme
Você deve tá dormindo.
... mas chega a noite e sinto sua falta.
Da vontade de gritar pra voltar.
E eu sei que você vai voltar.
Até lá... o que fazer?
Resta apenas sentir dor.
Dor
Dor
Dor