sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Divórcio

É a pior e a melhor coisa que existe.
É o que machuca e liberta, o que faz morrer e depois rir. O que traz a alegria e faz chorar rios de lágrimas porque não aguenta a carência.

É querer ficar sozinha, mas correr pro colo da mãe.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

o dia que me beijei

já havia se passado um mês desde que o outro se fora quando vi o moço das tatuagens. pelo menos, quando o vi sem camisa - mas sem nem um quê de sexo. o interessante a respeito do rapaz em questão é que, ao contrário daquele que se fora, este era igual a mim. talvez seja a coincidência das datas de nascimento. talvez todas as pessoas nascidas em tal dia beijem desse jeito, e façam pequenos gemidos na tentativa de atrair. foi a vez que vi como eu mesma atuava diante dos homens. e me apaixonei por mim mesma naquela ocasião: pelo meu jeito, meu abraço, meu cheiro.

a falta de interesse no sexo - à primeira vista, pelo menos - também chama atenção. não sei se é falta de interesse, como dito (ah, como queria sua mão lá, meu anjo. como queria), ou se tenta dizer que é respeitoso. e eu tento tanto falar que sexo não é desrespeito, e que tal se fôssemos pra cama agora, mas infelizmente eu - assim como ele - tenho a ideia de que a copulação tem de vir em boa hora para que o relacionamento seja perfeito. assim como ele.

me senti uma menina de doze anos tentando aprender a beijar o próprio reflexo no espelho. um reflexo tão contrário de mim - com olhos verdes e cabelos castanhos claros -, mas, ao mesmo  tempo, tão igual.

é, é a comprovação de que somos seres atraídos pelo biotipo diferente, na busca de trazermos humanos melhores. uma mistura desigual e tão geneticamente indispensável. ah, bendita necessidade de sobrevivência. aquela que atrai o inesperado, o distinto. e que, espiritualmente falando, é tão similar

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

olhos nos olhos

Sabia que conseguiria viver sem o abraço de boa noite, ou sem o beijo da manhã. Sabia que podia ficar sem dar as mãos e estava completamente pronta para seguir em frente. Há pouco pensara que havia entregado os pontos, que não aguentava mais viver sem os pelos dele. Os pelos sempre farão dele um ser diferente e, por aqueles cabelos espalhados pelo corpo, ela haveria de amá-lo o resto da vida.

Amar pelo resto da vida, no entanto, não significa deixar de viver. Haveria de deitar-se com outros homens, com um quê de Chico Buarque, pensando que quando ele pudesse revê-la, já haveria de encontrá-la refeita, e complementando ainda com uma frase que deixaria qualquer homem fora dos prumos. "Quantos homens me amaram bem mais e melhor que você!". Ela sabia, ainda, que a casa seria sempre dele, apesar de tudo.

Podia sentir o vento no rosto, abandonar as pilhas de panelas e talvez lavar a roupa suja encostada. Já podia pensar em viver de novo. Sozinha, amando a si mesma. Completamente apaixonada pelo seu próprio corpo. Seria estranho no início, mas ninguém disse que viver era algo demasiado fácil.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"Teu sobrenome é Nascimento"

Muito embora sejamos obrigados a nos reinventar certas vezes - e muito embora eu deteste obrigações -, estou aproveitando a fase atual. Choro. Riso. Choro. Riso. Choro de tanto riso.

Numa rede social dessas, uma professora - que também é amiga - comentou minha fase atual com a simples frase: "Teu sobrenome é Nascimento". Nunca havia parado para pensar na força que meu nome tem. Na força que ele me dá, talvez, ou o quanto tenho de ser forte simplesmente por ter este sobrenome no meu registro.

Fui obrigada a nascer de novo e hoje, às 15h13 de 18 de janeiro, me sinto feliz. Talvez felicidade seja um sentimento forte para atual circunstância, mas, pelo menos, me sinto renascida. E renascer é bom. Isto sempre.

Meu sobrenome é Nascimento. E é com este espírito que sigo em frente. Porque eu tenho esta obrigação. Está no meu registro, no meu sangue, na minha alma.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Como seria

Meu momento atual - já conhecido por muitos - me leva à pergunta que não me sai da cabeça e me tira o sono quase que diariamente. Como seria?

Como seria não mais sentir dor? Não sentiria mais felicidade, também. Retiraria de mim mesma todo e qualquer sentimento. Mas a dor se sobressai à felicidade. Neste e em todos os momentos e situações, pelo menos em mim. Sempre valorizamos mais à dor. Sempre valorizei mais à dor. E não gosto muito de senti-la, apesar de tudo, fato que  me faz querer diariamente dar fim. À dor e, consequentemente, à alegria.

No atual momento, sinto que felicidade é apenas a ausência da infelicidade, não sendo portanto um sentimento completo. Leio muito e tento muito ser feliz apesar dos problemas, ou viver acreditando que irão passar, mas não estou conseguindo. Algumas pessoas conseguem. Claramente, não tenho conseguido.

Sinto inveja dos sorrisos alheios. Tenho uma gargalhada maravilhosa, todos dizem. Mas ao mesmo tempo em que gargalho há um choro de desespero. Meu riso está mais para lágrimas. Não chora. Eu choro.

Não sei por quanto tempo irei aguentar. Mas, e como seria se tudo passasse?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Você dorme

Você deve tá dormindo.
... mas chega a noite e sinto sua falta.
Da vontade de gritar pra voltar.

E eu sei que você vai voltar.

Até lá... o que fazer?

Resta apenas sentir dor.
Dor
      Dor
            Dor