domingo, 20 de julho de 2014

Voltando: do crescer

Virar adulto é esquisito. Digo isso porque hoje eu tive plena e completa certeza de que, inevitavelmente e irremediavelmente, estou me tornando uma espécie deste raro ser conhecido por sua chatice. Pior, isso se já não tenho tal qualidade e se já não me enquadro na categoria. Quando isso aconteceu? E por que comigo? Logo comigo?

Me pego preocupada com o rapaz barbudo que me divide morada, que já é conhecido entre os meus meus próprios como meu noivo. Noivo! Rá. Há dois anos isso era um sonho de adolescente do qual eu ria, que me fazia bater no peito orgulhosa e dizer ao mundo que o “casamento era uma instituição falida”. Hoje tenho uma lista de convidados para uma cerimônia que já tem mês marcado, mas ainda bem que sem data definida. Ufa! Um resquício de adolescência. Lembrando que tudo isso apenas porque o mês em questão bateu com as "supostas" férias de ambos. Se tivermos sorte (ou revés!)

Também me vejo pensando no rapaz barbudo (de novo, ele!), e no quanto assistimos a jornais e – olhem só que coisa horrível – não a desenhos. O que houve com os desenhos? Por que nos interessamos tanto pelas notícias do mundo quando há uma infinidade de animações por descobrir. Por que saber de economia?

Não bastasse ter que trabalhar - e ainda fazer faculdade, porque no meu último momento de infantilidade resolvi escolher um curso errado -, tenho de escolher um emprego que me traz perigo, mas sensação de liberdade e importância (sem reclamações!). Óbvio que o salário não é bom, mas né? Quem precisa mesmo pagar aquela conta de luz que tá atrasada? Ou pagar a TV a cabo porque erraram o endereço de sua casa (óbvio que alugada)? E quem precisa de internet e luz porque definitivamente, ninguém sabe onde você mora? E você tem que resolver tudo isso em dois dias. Lembre-se.

E o cabelo branco! Por que mais um fio? Não, isso não existe! Eu sabia que minha família por parte de mãe tinha tendência, mas confiava na força indígena do meu parentesco paterno. E eu fiz luzes! Onde estão meus ideais rock’n’roll, que não me permitiam pintar meu cabelo que não fosse cor de rosa ou roxo?

Fiquei pensando tudo nisso num lapso de segundo. Que idade eu gostaria de ter agora? Quinze? Dezesseis talvez. E o que mudaria se eu não tivesse tido aquele último lapso de infantilidade e escolhido logo a profissão que me traria mais grana. Mudaria muita coisa e talvez não mudasse nada.

E continuei ali, assistindo a novela que estava passando porque – como já disse – a TV a cabo foi cortada. Rezando para ter tempo de ir aos inúmeros lugares que precisaria comparecer sem falta no dia seguinte. Pagar as contas. De novo, as contas!

Cabei com esse papinho. Cansei. Virei velha e ficar velho é muito chato.


Em tempo: Paguei as contas de luz, telefone, internet e TV por assinatura. Agora estamos sem água.

Um comentário:

  1. Amiga, senti falta do seus textos!! Não deixa a a chatice da rotina tomar conta de ti não viu? A vida é bem mais que jornal e pagar conta! E continua escrevendo!!!

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