quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

da minha mãe

Estava tranquila, era um dia tranquilo. Já tinha lido mais da metade de "O Vendedor de Armas", livro de um dos meus atores preferidos, Hugh Laurie. Todos sabem que eu tenho uma queda especial por ele. Mas, como todos, sei que ele vai morrer como o Dr.House. Não sei se isso é bom ou se é ruim, mas enfim.

Voltando ao contexto, eu estava tranquila e era um dia tranquilo. Quando vejo minha mãe, uma bela senhora de 56 anos (sim, bela, muito mais bela do que eu jamais fora, jamais serei.), aos prantos. "Deve de ser o cansaço, ter uma filha bipolar, um filho obeso, uma mãe caducando, dez anos sem um marido ao lado", foi o que pensei. E na verdade, até poderia estar certa. Minha mãe é uma pessoa que tem todos os problemas do mundo e com certeza que, ao morrer, vai apertar no botãozinho "céu" no elevador das passagens.

Seria normal ela pensar tudo isso, mas, neste dia especial, mamãe chorava por outra coisa. "Anne, eu e Maria (nome fictício) brigamos". Quem é Maria? Maria é a melhor amiga de minha mãe, são amigas há 30 anos, trabalham no mesmo lugar, já viajaram juntas ao Rio de Janeiro, onde ela, inclusive, se hospedou no apartamento de minha avó.

As duas conservavam uma amizade sem nunca terem sequer discutido. E ver minha mãe chorando... bom, veja bem, minha mãe não é uma pessoa que costuma demonstrar sentimentos. Sim, do tipo que nunca diz "eu te amo" a não ser que você esteja embaixo de uma roda de caminhão. Morrendo. Não, não, não é certo que ela diga. Talvez ela diga. Ela é fria, chegando à ignorância. Ver minha mãe chorando daquela forma me mostrou o quão adolescente os adultos são.

Depois de conversar, convencer que é assim mesmo, servir de mãe à minha mãe, pensei muito e cheguei a uma conclusão: podemos até crescer, mas nunca, nunca deixaremos de ser adolescentes.

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