terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sobre a mulher de cabelos compridos

Devia ter noventa centímetros de cabelo, no mínimo. Eram grandes cabelos lisos, loiros, que lhe desciam a cintura e quase chegavam às nádegas. Mais lembrava a mais bela seda já vista, quão brilhoso era.

A moça de cabelos compridos dedicou-se durante toda a vida à dança. Por mais que tentasse fugir para outras áreas, sua maior dedicação sempre lhe seguia, como se tivesse vida própria. Não adianta fugir daquilo que se nasceu pra fazer.

Seus progenitores pensavam que ela iria abandonar toda essa história quando, enfim, encontrasse alguém que lhe desposasse. Engano. Mesmo casada, continuou a dançar. Tiveram ainda a esperança quando ela quebrou os dois pés enquanto fazia uma belíssima apresentação, de casa cheia, inclusive. Nem o médico tirou sua esperança de, enfim, um dia, voltar a dançar.

Esse dia veio antes do imaginado. Dois meses depois, já estava nos palcos, fazendo o que nasceu pra fazer.

Não adianta fugir, nunca adianta fugir. E seus cabelos continuam grande, são um ser que vivem dela e com ela. E, como ela, eles também dançam, lindamente.


*A mulher existe e é minha professora de ballet.

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