segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Esmeralda


Não, não vá. Te quero por perto.

Esmeralda não sabia quem queria por perto. Roberto? Leandro? Algumas outras letras do alfabeto para completar sua coleção de amantes? Sei lá. Ela queria alguém.

No fim das contas, Esmeralda não passava de uma solitária. Amava a todos, não amava ninguém. Nem quando fugiu de casa aos quatorze. Nunca soube o que é amor.

Talvez a maquiagem escondesse sua tristeza. Talvez seus atos libidinosos escondessem sua infância roubada. Talvez... talvez tanta coisa? Talvez apenas existisse porque Deus, num de seus lapsos de erro, a fez. Se é que Deus erra.

Não queria pensar em ninguém. Pensava que amava a si mesma, mas não, não amava nada. Era incapaz de amar. Essa era a verdade. Desde que... desde não lembrava quando.

Sua mãe era prostituta de nascença, logo, seu pai lhe era um desconhecido. Quem sabe não foi pra cama numa de suas noites de trabalho e nem o reconheceu. E sua mãe? Bom, foi com ela que aprendeu a arte de se doar. Seu primeiro conhecimento foi sobre o que fazer para os homens enlouquecerem. Ela tinha apenas 8 anos.

A mãe a ensinou demais. Como deveria se portar diante de um homem, como dançar, como esperar um pouco, para que ele aguente um pouco mais antes de atingir o ápice. O ápice que ela tanto procurou, ela nunca sentiu.

Até quando, Esmeralda, até quando você vai deixar que as pessoas te usem?

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