quinta-feira, 15 de setembro de 2011

das peças que a vida prega


Estavam tranquilos. Ouviam AC/DC e ela remexia os cabelos ao som de Back in Black. Apesar do cabelo comprido dele, ela sabia que ele não gostava de rock. MPB, que coisa estranha pra se gostar quando se tem cabelos compridos! Mas respeitava, e até curtia as caras e bocas que ela fazia enquanto cantava.

Ela está dez quilos mais gorda. Ele está só cinco, mas ainda é bonito. Ela nem tanto, ele sim. E ela tava naquela incerteza que dá quando se está acima do peso. Estou feia. Não, está linda! Eu vou sempre te achar linda.

Por que você tá comigo? Você deve está pensando que essa pergunta foi feita por ela, mas errou. Foi feita por ele. Desprevinida, ela respondeu. Eu me amo mais quando estou com você. Era uma frase batida que algum garoto qualquer disse uma vez a ela, quando ela a perguntou o que era amor.

Intimamente, a garota relembrou o início, quando havia perguntado se ele era apaixonado por ela. Mas o que é paixão? Que porra é essa? É pensar o tempo todo na pessoa? É lembrar de quando se conheceram? É rir das bobagens? Isso é paixão? Então, assumo, estou apaixonado.
Ela gostara da quase grosseria da resposta. Achou bonito. Ao contrário das palavras difíceis, das citações de mestres da filosofia, de grandes autores de nomes difíceis. A alma dele deixou-se responder. E foi a resposta mais grosseira e sincera que já recebeu.

Ela relembrou também das dúvidas. Quando valorizava os conhecimentos acadêmicos aos empíricos. Em tão pouco tempo ela percebeu uma diferença tão imensa nela, e nele. Nele, principalmente nele. Ele já consegue dizer que ama. Ao invés de dizer "que porra é essa?".

Essa porra é amor! E quando eu estou com os olhos que riem, e quando os olhos que riem estão com a índia, a porra do amor é visível.

PS: O amor sempre acaba em porra, mesmo, né?

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